terça-feira, 14 de maio de 2019

ELENA MADERA: a voz e o ritmo rocking-flamenco da mulher cubana


Elena Madera foi um talento arrebatador de sua época. Filha de bailarina cubana e de um líder de banda norte-americano, começou a cantar ainda criança com quatro anos de idade. Dois anos após sua chegada aos Estados Unidos. 

Na realidade, pouco se sabe do histórico pessoal da artista. Com a mesma intensidade de sua estréia, seu desaparecimento também foi. Elena, por exemplo, é um caso de artista que não possui perfil no site de pesquisa Wikipédia - considerado um banco popular de informação na internet. 

Quando conheci seu som, o ritmo de flamenco e a voz performática de Madera, prendeu-me. Desde então, procuro peças sobre sua história.


Elena nasceu em Havana - Cuba. Sua mãe era bailarina profissional e seu pai estava no país à trabalho. Pouco se sabe do romance, como também os motivos aos quais levaram a família ter que se mudar para Filadélfia, na Pensilvânia. Seu pai era "líder de banda" e um homem articulado na sua cidade de origem. Sempre incentivou o talento de sua filha para a música. Na adolescência com apoio de seus pais, Elena começou a cantar em bares e casas noturnas. Mas por causa da grande competição entre cantoras, Elena precisou utilizar-se de elementos diferentes para se destacar. Foi então que seu jeito de cantar, foi considerado "estranho", "engraçado" ou "exagerado". 

Em 1958, Elena lançava seu primeiro álbum de estúdio: "La Voz de Pasíon". Com orquestra e direção de Johnny Conquet, e selo da Decca Records. A primeira canção de sucesso deste álbum, foi "Pepito", que conta a história de um relacionamento amoroso, onde o "adorado" canta a "voz do amor" para Elena, embora ele nunca tivesse compreendido por si mesmo, ela acreditava nesse "doce amor". Ela acreditava nele. 

Madera apresenta uma canção mista, onde mistura elementos de música flamenca com rock. Com forte referência ao cenário rock dos anos de 1950, nos Estados Unidos, a canção possui atmosfera tropical e toques de rock-tinged na melodia, além de um harmônico backvocal de "uuhs" e "oohs". "Pepito" conquistou as rádios do nordeste norte-americano, ficou entre as mais tocadas durante semanas. Fazendo de Elena uma promessa.

Com o sucesso de seu primeiro disco, Elena foi convidada por Lou Perez para juntos gravarem um novo disco. E assim foi feito, em 1961, foi lançado o álbum "Que Buena Esta...Elena!!", contendo 12 músicas, seis de cada lado. Perez disse que este trabalho seria a grande estréia de Elena para o estrelato internacional. E de fato a parceria rendeu muitos frutos para a dupla. Elena seguiu em turnê com Lou Perez a fim de divulgar o novo trabalho, que obteve êxito com as canções "Sandunguera", "Abandonada" e "Que Buena Esta Elena". Essas músicas representaram bem a mistura de ritmos que Elena mantinha presente em sua performance. Ritmos como pachanga music, que possuía origem no merengue cubano, rock-tinged, música afro-cubana e guaracha, ritmo folclórico cubano que ficou popular através de apresentações teatrais no início do século XX.

A tórrida voz de Elena, como Lou Perez dizia, chamou atenção de outros artistas de sua época, como: Tito Puente e Duke Ellington. Elena foi convidada a participar de apresentações com ambos, todavia não há nenhum registro das apresentações, assim como outras demais informações. Elena sumiu e a internet ainda não obteve todos os arquivos de seu trajeto.

Porém, o álbum "La Voz de Pasíon" está entre nós. Caso tenham interesse, segue abaixo o ficheiro do disco. Basta clicar na imagem para descarregar o arquivo.




Neste álbum, particularmente, destaco as canções "Quisiera Saber"; "El Timbre"; Mas Piano Merengue" e a regravação de "Noche de Ronda", onde revela toda a excêntrica identidade de Elena. Com uma interpretação irreverente, nesta faixa compreendemos bem o que se diziam sobre a "voz tórrida" e o fenômeno que ela causava no público.

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco - do pouco que se sabe - sobre a vida desta mulher e artista cubana, radicada na América, mas cheia de suingue latino. Infelizmente, Elena Madera é mais uma artista feminina à estar no "quadro do esquecimento". Porém, enquanto alguém ouvir sua música, sua arte estará viva e presente.

Enjoy!



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