domingo, 14 de julho de 2019

SKATT BROS: Virilidade Homossexual e Identidade Masculina Em Crise

O início dos anos 1980s foi fortemente influenciado pelos movimentos sociais oriundos desde os 1960's, mas com maior extensão e com suas próprias mídias a partir da transição que se deu entre a disco music setentista para o pop-rock oitentista. A boyband Skatt Bros, nasceu nesse contexto. Formada em 1979, pelos músicos: Sean Delaney, Pieter Sweval, Richard Martin-Ross, Richie Fontana e Danny Brant. O grupo foi madrinhado por Grace Jones - artista performática em diversas linguagens: música, cinema, moda e artes visuais. 

O selo de garantia dado por Jones, fez com que os holofotes pousassem no disco de estréia da banda: "Strange Spirits", assinado pela gravadora Casablanca Records. O primeiro single de trabalho foi a canção "Walk The Night", que chegou a conquistar o #9 no chart de Disco/Dance Club da Billboard. Esta canção em específico nos pões numa atmosfera de sintetizadores, guitarra pesada, vozes distorcidas e um "ar assombroso", algo como "Thriller". O refrão é fácil e repetitivo, já a letra nos conta sobre uma aventura noturna, repleta de suspense. O sucesso do primeiro single fez do grupo uma promessa para o cenário pop. 

Porém algumas contradições na produção da banda fizeram com que a carreira do grupo desandasse, nos deixando dúvidas sobre os motivos que levaram a gravadora a suspender o projeto. A confusão começou quando o grupo foi comparado com outro, já famoso nas rádios: Village People. As comparações são de fato inevitáveis, a mistura sonora é o que mais caracteriza a comparação: country music com disco music, mais pop-rock e sons experimentais. Além de backvocals afiadas nos versos complementares. 

Bons exemplos dessa "mistureba dançante", são as faixas: "Dancin' For The Man"; "Fear Of Flying"; "Strange Spirits", "Old Enough" e "Life At The Outpost", esta última tornou-se também single, ganhando até produção de videoclipe. Como vocês podem assistirem acima. Eis que aqui há o rompimento lógico dessa história. 

Não se sabe bem o que aconteceu, mas os boatos seguem sobre questões homofóbicas. A banda tomou popularidade na comunidade gay que tornava-se cada vez mais popular. As comparações com o Village People, levou a gravadora a querer manter a estética caricata dos personagens masculinos. Nesse caso, apenas o cowboy foi o personagem destacado. No vídeo, os homens que aparecem não são os verdadeiros integrantes da banda. Representam cada um - de forma mais erótica, digamos. Exaltando a virilidade do homem cowboy, em movimentos de dança e na letra. O vídeo causou problemática entre os integrantes, que romperam contrato com a gravadora, mas não ficaram muito tempo fora da ativa. Logo em seguida, no quente do sucesso (e da polêmica), em 1981 - pela gravadora Polygram, o grupo real lançava o álbum "Rico and the Ravens", apenas na Australia. Se refugiando ou tentando se desvencilhar da imagem homossexual que "fizeram deles".

O segundo álbum tem sonoridade menos alegórica, a disco music perde espaço para o pop-rock mais condensado e menos festivo. A mudança, seja de gravadora ou estética musical, não foi positiva para os músicos do grupo. Fazendo com que as atividades do Skatt Bros se encerrassem logo em seguida. Sem nenhum single ou música de destaque.

Confuso e contraditório, não? Um grupo que foi madrinhado por ninguém menos que Grace Jones, ganha popularidade e sucesso nas discotecas, mas logo depois recusa-se a veicular a música do grupo como uma "música gay". O fato é que, o grupo até hoje divide opiniões a cerca disso, mas o único álbum ainda lembrado e requisitado em algumas listas cults de músicas do universo queer, é o primeiro: "Stange Spirits", que ironicamente narra sobre aventuras e peripécias de corpos noturnos.

O disco, além das já comentadas, também deixa espaço para uma harmonia romântica e mais calma, como nas faixas: "Midnight Companion" e "Someone's Taken My Baby", a influência da música country americana é bem evidente. 

Caso vocês tenham se interessado em ouvir o som do Skatt Bros, confesso-lhes que é como um guilty pleasure: cafona, mas divertido, polêmico, mas bobo. Abaixo segue o link para vocês acessarem o álbum disponível nas plataformas de streaming.





Enjoy!